PSL vota contra médicos e lobby das escolas particulares ganha a partida na Comissão Mista

Notícias25 de setembro de 2019
PSL vota contra médicos e lobby das escolas particulares ganha a partida na Comissão Mista

Na votação do substitutivo e dos destaques à Medida Provisória (MP) 890 /2019, que cria o Programa Médicos pelo Brasil e a Agência de Desenvolvimento da Atenção Primária à Saúde (Adaps), a Federação Nacional dos Médicos (Fenam) emplacou a única vitória da classe médica na tramitação: a correção da distorção salarial dos médicos do quadro do Ministério da Saúde, prejudicados em 2012, quando da aprovação da MP 568, que teve o efeito de deixar os salários abaixo dos padrão dos servidores de nível superior.
Os destaques de números 9 e 98, apresentados respectivamente pelos deputados Dr. Luiz Antonio Teixeira Jr. (Progressistas/RJ – de frente para Dr. Gutemberg na foto) e Hiran Gonçalves (Progressistas/RR) prevêm:
Os servidores ativos ocupantes do cargo de Médico, Médico de Saúde Pública, Médico do Trabalho, Médico Veterinário e Médico Cirurgião da Carreira da Previdência, da Saúde e do Trabalho deixarão de receber a Gratificação de que trata o inciso IX do caput e farão jus à Gratificação de Desempenho da Carreira da Previdência, da Saúde e do Trabalho – GDPST, de que trata a Lei nº 11.355, de 19 de outubro de 2006, devida aos titulares dos cargos de provimento efetivo da carreira da Previdência, da Saúde e do Trabalho, quando em exercício das atividades inerentes às atribuições do respectivo cargo e lotados no Ministério da Fazenda, no Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário, no Ministério da Saúde, no Ministério do Trabalho e na Funasa.”
O presidente da Fenam, Dr Gutemberg Fialho, acompanhou a votação na Comissão Especial e cumprimentou os deputados pela proposição e pela articulação para a aprovação.  “É um passo no sentido da correção de uma injustiça histórica, cometida pelo governo Dilma. Ainda temos um bom caminho pela frente, com votações nos plenários da Câmara dos Deputados e do Senado Federal”, afirma.
O diretor de Relações Institucionais e Sindicais da Federação, Jorge Sale Darze, conta que a articulação vem de longa data, inclusive com a participação do Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. “Para que o Ministério da Saúde pudesse corrigir a distorção era necessária uma proposição legislativa que tocasse no aspecto dos Recursos Humanos, por isso, esse foi o momento adequado”, explica Darze.
O trabalho de articulação continuará nas duas casas legislativas. “Para avançarmos, vai ser imprescindível a mobilização dos médicos do Ministério da Saúde, na sensibilização dos parlamentares. Em plenário o jogo é outro”, destaca o secretário geral da Fenam, Carlos Fernando.

Compromissos feitos, porém ignorados

Apesar do apoio recebido e dos compromissos feitos pelo presidente Jair Bolsonaro com os médicos brasileiros, o PSL, partido no qual se elegeu, não demonstrou lealdade nenhuma às promessas e às declarações feitas e repetidas por Bolsonaro, até no recente discurso na Organização das Nações Unidas (ONU).
Com a presença e sob o comendo da líder do governo no Congresso Nacional, deputada Joice Hasselman (PSL-SP), os integrantes do partido se posicionaram frontalmente contra todas os pontos defendidos pelas entidades médicas. Acompanhando o Lobby das instituições de ensino superior particulares, votaram maciçamente a favor de aplicação do Revalida por instituições particulares; foram contra a definição de criação futura de uma real carreira médica de Estado, contra a avaliação gradual dos cursos de medicina, contra a mudança da personalidade jurídica da Adaps de serviço social autônomo para fundação pública de direito privado. Também foram francamente favoráveis a se dar permissão a pessoas sem registro profissional para exercer a medicina nas localidades desprovidas de médicos.
Na própria questão do reenquadramento das gratificações dos médicos do Ministério da Saúde, Joice, atropelou o andamento normal da sessão para afirmar que aquilo não podia ser feito. Encerrou sua fala dizendo: “todos queremos aumentar os salários dos médicos, mas não estou aqui para jogar para a galera.”
O posicionamento da líder do governo e do partido do presidente na tramitação da MP 890/19 acende um alerta no movimento médico. “Ninguém é ingênuo de pensar que vamos ter tudo o que queremos do jeito que queremos, mas há um descompasso muito grande entre o que o presidente diz e o que fazem os parlamentares da base do governo que precisa ser visto”, aponta Dr. Gutemberg. É necessária uma ordem de comando vinda de cima para o necessário realinhamento.
Fora as duas vitórias da Fenam na Comissão Mista, quem se beneficiou das alterações que o relatório final da Comissão faz à MP 890/19 foram as instituições que exploram o ensino privado da medicina – tanto no Brasil, quando as 11 em Pedro Juan Caballero, no Paraguai, entre outras instituições de ensino estrangeiras.

Related Posts

0 0 votes
Article Rating
guest

0 Comentários
Inline Feedbacks
View all comments

Notícias Recentes

Contra o Decreto 11.999: Fenam parabeniza movimento das Cerems
Fenam reinvidica revisão de sua exclusão da Comissão Nacional de Residência Médica
Dificuldades no acordo coletivo da EBSERH
Fenam cobra tramitação do piso salarial dos médicos
0
Would love your thoughts, please comment.x