O peão de branco

Está cada vez mais difícil exercer a medicina no Brasil. O médico está sendo exigido além dos seus limites. A população quer transformá-lo num mágico.
Trabalhando com uma ciência não exata, sujeito a intercorrências decorrentes da própria doença ou de procedimentos realizados, o médico é excessivamente cobrado no seu dia a dia profissional.
Ao contrário de épocas anteriores, o médico de hoje tem sua respeitabilidade e dignidade constantemente afetadas pelo usuário da sua profissão.
O médico brasileiro é o campeão de trabalhar sem garantias trabalhistas, sendo bastante explorado em seus direitos tanto em nível estatal como na iniciativa privada.
Existe, hoje, uma dicotomia entre a grande exigência de formação longa na especialização, subespecialização e na pós-graduação, levando à formação de médicos bem preparados que saem para um mercado de trabalho bastante adverso, com a sociedade não oferecendo a contra partida desejável para uma relação médico-paciente harmônica.
São visíveis as intenções de prejudicar o médico brasileiro. O SUS pagava até recentemente uma consulta médica com o irrisório valor. Os concursos públicos ultimamente oferecem salário para o médico em valores bem abaixo de outras categorias profissionais, inclusive de nível médio.
Há mais de 15 anos, as entidades médicas nacionais tentam a aprovação de piso salarial mínimo nacional decente, com os presidentes de plantão vetando o que foi aprovado no Congresso Nacional.
Também a relação com os planos de saúde (medicina de grupo) são traumáticas, estando hoje o médico brasileiro com dificuldade de escapar da exploração dessas empresas mercantilistas, de voracidade espantosa no tocante a seus lucros financeiros.
Juntando a tudo isso carga horária excessiva de trabalho, a começar da formação acadêmica, passando pela especialização e desembocando no exercício rotineiro da profissão e, acrescentando, o aumento da violência contra o médico nos serviços de urgência, não temos dúvida em afirmar que, infelizmente, hoje no Brasil o médico é um peão de branco.
Autor: Nilton Nunes 01/02/2005
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