Hospital Getúlio Vargas demite ao menos 50 médicos e corta serviços
A maior emergência da rede estadual vai virar uma espécie de UPA gigante. Segundo médicos do Hospital Getúlio Vargas (HGV), que desde 1938 é referência no atendimento de politraumatizados, as mudanças realizadas pela secretaria estadual de Saúde na unidade hospitalar, que passam, principalmente, pela demissão de médicos especializados em procedimentos de alta complexidade, muda radicalmente o perfil do hospital. “Vamos deixar de ser uma emergência geral terciária, com todas as especialidades à disposição do paciente, para virar uma emergência secundária, atendendo a casos clínicos. Praticamente, transformaram o Getúlio Vargas em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA)”, explicou uma médica que trabalha há mais de 30 anos no HGV, que não se identifica por temer retaliações.
Nem a Secretaria Estadual de Saúde e nem a Organização Social Pró-Saúde, que desde 2014 administra o HGV, confirmaram o número de médicos dispensados. “Mas, com certeza foram mais de 50. Somente de anestesistas foram 15 embora”, estimou a médica, relatando que foram fechados os setores de Oftalmologia, Urologia, Proctologia e Otorrinolaringologia. “Se chegar um acidentado com fratura na mandíbula, não vai ter cirurgião buco-maxilar. Se o paciente tiver um rompimento da bexiga, não vai ter urologista. Caso seja no olho, não vai ter oftalmologista. Nossa equipe era composta por todos os especialistas de saúde. Agora, teremos apenas pareceristas”, denuncia a médica.
Em nota, a Secretaria de Estado de Saúde (SES) explica que as mudanças no HGV são decorrentes da falência da rede federal de Saúde no estado. “Com o aumento da demanda no atendimento de urgência e emergência do Hospital Estadual Getúlio Vargas, que passou de 9 mil para 14 mil por mês, especialmente após o fechamento da emergência do Hospital Geral de Bonsucesso, a SES decidiu contratualizar o atendimento ambulatorial e cirurgias eletivas em Urologia com o Hospital Universitário Pedro Ernesto, que é referência nessa especialidade. A medida foi tomada para absorver o aumento da demanda de atendimentos de urgência e emergência do HEGV, visto que é este o perfil da unidade”. A Secretaria, no entanto, não revelou o número de médicos demitidos, que pode ultrapassar os 70, segundo o presidente da Federação Nacional dos Médicos, Jorge Darze. “É um problema econômico. O governo do estado contratou uma empresa privada para gerenciar um hospital público. E a principal meta da empresa privada é o lucro”, denuncia Darze. Procurada, a OS Pró Saúde não quis se manifestar.
Para Darze, mudança é econômica
O presidente da Federação Nacional dos Médicos, Jorge Darze, afirmou que as mudanças no perfil de atendimento do Hospital Getúlio Vargas, na Penha, maior emergência da rede estadual, tem objetivo puramente econômico. “O governo tem diminuído o repasse à Organização Social Pró-Saúde. E, para se adaptar ao momento econômico, a OS reduz despesas com os maiores salários, que são justamente dos médicos”, explicou Darze, que se declarou espantado com o comportamento do secretário de Saúde no episódio. “O que nos deixa perplexo é o secretário ser solidário com isso”. Para Darze, a reação do secretário desrespeita a população. “Estão infligindo ao povo um grande sofrimento. É um processo genocida, que configura crime de responsabilidade. (O governador) Pezão não pode passar incólume”, protestou Darze.
Antes de assumir a Secretaria Estadual de Saúde, em janeiro de 2016, o secretário Luiz Antônio de Souza Teixeira Júnior esteve à frente da pasta de Saúde de Nova Iguaçu, durante três anos. Ele é médico ortopedista formado pela Universidade Iguaçu (Unig) e tem pós-graduação em Medicina do Esporte e do Exercício e MBA Executivo em Saúde pela Coppead – UFRJ. Teixeira Júnior também é sócio de uma clínica particular, a Ortotrauma, e membro do Conselho de Administração da Unimed Nova Iguaçu.
Pedro Ernesto teve redução de leitos
O Hospital Universitário Pedro Ernesto, em Vila Isabel, para onde serão transferidos os serviços extintos no Hospital Getúlio Vargas, na Penha, reduziu sua capacidade de atendimento de 512 leitos para apenas 100, há cerca de 15 dias, por conta da falta de repasses financeiros do governo do estado. Segundo o presidente da Federação Nacional dos Médicos, Jorge Darze, apesar de a Justiça ter ordenado a transferência de R$ 7 milhões por mês para as despesas de custeio do Pedro Ernesto, o governo não libera a verba há dois meses. “O Pedro Ernesto não tem capacidade para dar conta nem da sua própria demanda, quanto mais absorver a demanda de outro hospital”, alerta Darze. Para o médico, a crise no HGV é tão grave quanto a do Pedro Ernesto. “Os salários estão atrasados. Os profissionais não receberam abril e nem o 13º salário que deveria ser pago no ano passado”, afirmou o médico. Darze reclama ainda do governo federal, que faz cara de paisagem para a crise na Saúde do Rio. “A União não pode ser mero espectador. O SUS tem responsabilidade compartilhada com o estado na área da Saúde”.
Fonte:
O Dia
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