Fenam e MEC debatem sobre a deficiência na formação de novos médicos e a abertura desenfreada de faculdades
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A Federação Nacional dos Médicos (Fenam), realizou reunião na tarde desta terça-feira, dia 12, com o Ministro da Educação, Camilo Santana, para expor suas preocupações em relação ao aumento excessivo de novas vagas nos cursos de Medicina, principalmente em instituições privadas.
O ministro, acompanhado de sua equipe e demais diretores do Ministério da Educação, demonstrou receptividade a todas as sugestões apresentadas, destacando que está empenhado em desenvolver iniciativas alinhadas com as preocupações da Federação.
Dra. Lúcia Santos, presidente da Fenam, destacou que a deficiência na formação dos novos profissionais impacta diretamente a qualidade da saúde no Brasil. “Buscamos uma parceria com o Ministério da Educação em prol de uma formação médica de excelência. A abertura de novas vagas nos cursos de medicina tem que ser acompanhada de qualidade e fiscalização regular das universidades. É crucial garantir médicos comprometidos e qualificados e para isso é necessário um controle rigoroso na abertura dessas vagas”, ressaltou Lúcia.
Rita Virginia Ribeiro, secretária-geral da Fenam, reiterou os graves problemas em muitas universidades de medicina, especialmente as localizadas no interior do país, destacando a ausência de uma estrutura educacional adequada. “A maioria das universidades hoje não possui hospital-escola, ambulatório ou hospital-dia para oferecer a formação prática necessária. Para uma boa formação médica, tem que ter um treinamento diretamente com o paciente, para ensinar a vivência prática. A referência de unidade de suporte de ensino deve ser da universidade e não da Rede Pública de Saúde”, relatou Rita.
José Maria Arruda Pontes, diretor de Direitos Humanos da Fenam, também presente na reunião, destacou, ainda, a falta de qualificação dos docentes como um problema decorrente da expansão descontrolada das faculdades de medicina.
“São, muitas vezes, médicos recém-formados, sem nenhuma capacitação e experiência em docência, que são contratados para ministrar as aulas e essa deficiência faz com que o nível dos médicos caia ainda mais”, disse José Maria.
O ministro Camilo se colocou à disposição da Fenam e adiantou que o Governo está considerando a criação de um órgão dedicado à regulação do ensino superior no Brasil. Segundo ele, essa proposta teve início em 2012 e está sendo retomada em 2023. “O MEC atualmente não possui estrutura para regulamentar todos os mais de 40 mil cursos superiores. Estamos em um ano de reestruturação, reconstruindo programas, políticas e relações com Estados e Municípios. Compartilho da preocupação de vocês e estamos trabalhando, em conjunto com o Ministério da Saúde, para estabelecer um padrão regulatório na formação dos médicos. Estamos construindo esse caminho e é muito importante ter essa parceria com as entidades médicas, como esta reunião de agora com a Fenam”. E para finalizar, o ministro fez questão de solicitar à Fenam contribuições diretas para a solução dos problemas levantados.
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