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Doador de medula óssea salva a vida de duas crianças
20 de setembro de 2017
Thiago Cardoso, de 33 anos, morador de Recife, nunca imaginou que salvaria a vida de duas crianças. Em 2011, Thiago se cadastrou no Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (Redome /INCA), em um evento, após ouvir uma breve explicação sobre o tema. Três anos depois, ele recebeu uma ligação avisando que a medula dele era compatível com a de um paciente. “Primeiro eu achei que fosse trote, porque a ligação veio muito tempo depois. Mas logo que confirmei, veio aquela sensação de felicidade e emoção”, conta Cardoso.
Depois da confirmação, o bancário fez uma bateria de exames de sangue para se certificar que estava bem de saúde e para confirmar a compatibilidade dele com a de quem precisava da doação. “Eu estava ansioso para o processo. Não tive medo, mas queria fazer logo para poder salvar a vida de alguém”, relata.
Esse gesto de amor do Thiago foi o que salvou a vida dos gêmeos Mateus e Cauã, diagnosticados com granulomatosa crônica – doença genética rara que deixa pessoa vulnerável, com imunidade zero. Eles precisavam de um transplante ou teriam que tomar remédios a vida toda, porque o medicamento não cura a doença.
Procura por doador compatível
Com sete dias de vida, os filhos gêmeos de Wanderland Santos começaram a ter problemas de saúde, contraindo infecções e permanecendo internados. O diagnóstico só foi confirmado nove meses depois. Os pais não têm compatibilidade de medula, a fila de espera do Redome era a única esperança. “Na época, eu pesquisei e vi que existem pessoas que estão na fila de espera há anos e não aparece ninguém ou até mesmo há pessoa não aguenta esperar. Foi aí que veio meu medo, mas eu sempre confiei”, desabafa.
A chance de encontrar um doador de medula compatível é bem menor do que a de um doador de sangue. Segundo a coordenadora do Redome, Daniele Oliveira, a proporção entre os familiares é de 25%. Já entre desconhecidos, essa chance cai para 1 caso a cada 100 mil pessoas. “Um transplante de medula óssea tem uma proporção muito maior do que a transfusão de sangue. É muito mais difícil você encontrar um doador compatível, por isso é importante que as pessoas tenham essa consciência”, alerta a coordenadora sobre a necessidade de mais pessoas se tornarem doadores voluntários de medula.
A doação de medula óssea é feita em vida. “Hoje quem é cadastrado pode experimentar essa alegria. Você tá doando, você não sabe para quem, mas você tem a certeza que está fazendo bem para alguém”.
O encontro
O transplante de medula óssea ocorreu em 2015. Após a doação, Thiago não parava de pensar em quem estava salvando. Mas o destino reservou boas surpresas para ele. Um ano e meio após a doação, ele soube que estava salvando a vida de duas crianças. “Eu fiquei muito feliz e no mesmo dia falei com os pais dos meninos muito emocionados”, conta.
A regra do Redome é que após um ano, caso seja desejo das pessoas se conhecerem, isso seja feito. “É preciso avaliar todas as condições de quem recebeu a doação, pois pode ser que ele ainda não esteja totalmente recuperado e não seja bom. É uma forma de preservar os dois”, afirma Daniele.
As duas famílias se encontraram em dezembro de 2016. Thiago foi com a esposa e a filha conhecer Mateus e Cauã. “O encontro foi emocionante e muito melhor do que eu esperava, é muita emoção é difícil descrever”.
A expectativa de Wanderland para conhecer quem ajudou seus filhos foi grande. “Para nós a felicidade é muito grande. Mas o mais bonito foi conhecer alguém que se propôs a doar independente de saber que era para meus filhos”, ressalta o autônomo. “Acredito que sem o transplante, meus filhos não teriam uma qualidade de vida. Eles viviam no hospital com crises, aparelhos e muitas medicações, além disso, não podiam brincar como as outras crianças”, lembra emocionado o pai, que hoje tem dois brincalhões cheios de saúde em casa.
O que é medula óssea
A medula óssea é um tecido líquido-gelatinoso que ocupa o interior dos ossos, sendo conhecido popularmente por “tutano”. Na medula óssea são produzidos os componentes do sangue: as hemácias (glóbulos vermelhos), os leucócitos (glóbulos brancos) e as plaquetas. Pelas hemácias, o oxigênio é transportado dos pulmões para as células de todo nosso organismo e o gás carbônico é levado destas para os pulmões, a fim de ser expirado. Os leucócitos são os agentes mais importantes do sistema de defesa do nosso organismo, nos defendem das infecções. As plaquetas compõem o sistema de coagulação do sangue.
Como se tornar um doador
O primeiro passo é procurar o hemocentro do seu estado e agende uma consulta de esclarecimento ou palestra sobre doação de medula óssea. O voluntário à doação irá assinar um termo de consentimento livre e esclarecido (TCLE) e preencher uma ficha com informações pessoais. Será retirada uma pequena quantidade de sangue (10ml) do candidato a doador. É necessário apresentar o documento de identidade. O sangue será analisado por exame de histocompatibilidade (HLA), um teste de laboratório para identificar suas características genéticas que vão ser cruzadas com os dados de pacientes que necessitam de transplantes para determinar a compatibilidade.
Os dados pessoais e o tipo de HLA serão incluídos no Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea (REDOME). Quando houver um paciente com possível compatibilidade, você será consultado para decidir quanto à doação. Por este motivo, é necessário manter os dados sempre atualizados. Para seguir com o processo de doação serão necessários outros exames para confirmar a compatibilidade e uma avaliação clínica de saúde.
Somente após todas estas etapas concluídas o doador poderá ser considerado apto e realizar a doação.
Como é o transplante para o doador?
Antes da doação, o doador faz um rigoroso exame clínico incluindo exames complementares para confirmar o seu bom estado de saúde. Não há exigência quanto à mudança de hábitos de vida, trabalho ou alimentação. A doação é feita em centro cirúrgico, sob anestesia, e tem duração de aproximadamente duas horas. São realizadas múltiplas punções, com agulhas, nos ossos posteriores da bacia e é aspirada a medula. Retira-se um volume de medula do doador de, no máximo, 15%. Esta retirada não causa qualquer comprometimento à saúde.
Há um outro método de doação chamado coleta por aférese. Nesse caso, o doador faz uso de uma medicação por cinco dias com o objetivo de aumentar o número de células-tronco circulantes no seu sangue. Após esse período, a pessoa faz a doação por meio de uma máquina de aférese, que colhe o sangue da veia do doador, separa as células-tronco e devolve os elementos do sangue que não são necessários para o paciente. Não há necessidade de internação nem de anestesia, sendo todos os procedimentos feitos pela veia.
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A decisão sobre o tipo de doação é exclusivamente dos médicos.
Saiba mais em: http://redome.inca.gov.br
Fonte: Luíza Tiné para o Blog da Saúde
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