FENAM na Comissão de Seguridade Social

1 de setembro de 2017

Durante audiência pública, realizada nessa quarta-feira (30), na Comissão de Seguridade Social, na Câmara dos Deputados, o presidente da Federação Nacional dos Médicos (FENAM), Dr. Jorge Darze, falou sobre a situação dos hospitais federais do Rio de Janeiro (RJ).

A reunião foi presidida pelo deputado federal, Hiran Manuel Gonçalves (PP/RR), e contou com a participação dos demais deputados que fazem parte deste segmento, servidores dos hospitais do Rio de Janeiro, e do ministro da Saúde, Ricardo Barros.

Dr. Darze foi convidado a compor a mesa e falou sobre a calamidade enfrentada pela Saúde do estado. Dentre os principais pontos abordados, o presidente destacou a baixa remuneração dos médicos federais, a situação caótica de trabalho e o déficit de profissionais.  “Nós perdemos nesses últimos anos um número significativo de profissionais de Saúde, médicos especialistas que deixaram os seus locais de trabalho por conta da aposentadoria, serviços nos quais esses profissionais atuavam, hoje estão literalmente em risco de fechamento, como é o caso do Centro de Tratamento de Queimados do Hospital de Andaraí. O próprio transplante de fígado, que era realizado de forma competente no Hospital Geral de Bonsucesso, já deixou de ser realizado. Não se entende as razões porque o Ministério da Saúde não tem adotado as providências necessárias para que essa rede realmente possa se capacitar  para garantir o atendimento da nossa população”, falou.

O presidente participou da reunião, acompanhado do diretor de Saúde Suplementar da FENAM, Dr. Antônio José, e de representantes dos Hospitais do Rio de Janeiro, como a agente administrativa do Instituto Nacional de Cardiologia (INC), Claudia Barcellos, e Dr. Sérgio Dutra, do Hospital Geral de Bonsucesso.

Claudia Barcellos falou sobre a importância dos serviços oferecidos pelo INC e destacou que a troca de gerência tem afetado o trabalho da equipe. Em uma carta, feita em conjunto pelos trabalhadores, eles pediram a suspensão das frequentes mudanças de direção, pois em um ano e meio, foram quatro gestores diferentes.  “Pedimos um canal de diálogo com os servidores, para garantir uma direção que permita aos pacientes o devido cuidado e atenção que eles merecem”, cita na carta entregue à Comissão.

Dr. Sérgio Dutra, do Hospital Geral de Bonsucesso levou um balanço sobre o déficit de equipe na Unidade . “Fazemos o possível para prestar um bom atendimento, mas precisamos que o governo reponha esse desfalque o quanto antes. Além disso, temos a falta de determinados insumos importantes, como é o caso da Quimioterapia, para o tratamento dos pacientes com câncer”, destacou.

Dr. Antônio José cobrou que o governo federal, além de ter um maior diálogo com os médicos, também crie soluções para os graves problemas que hoje comprometem a saúde dessa população, que depende exclusivamente dessa rede federal do Rio de janeiro.

Parlamentares realistas

A reunião contou com a presença de parlamentares que fazem parte da Comissão de Seguridade Social. A maioria destacou a importância do investimento na Saúde.

A deputada Mara Gabrilli (PSDB/SP), atentou para a importância de investimentos na área de transplantes. “Estamos aqui para tentar mudar a vida de pessoas com doenças raras e bebês que não conseguem ser transplantados no Brasil porque nossa estrutura é falha e solta. Precisamos conseguir avançar neste campo e mudar a vida de muitos brasileiros”, alertou.

Jandira Feghali (PCdoB/RJ), enfatizou todos os pontos abordados por Dr. Darze, como o caso de déficit de equipes, e lembrou que é necessária a urgência de ações governamentais. “Vemos áreas fundamentais que estão desassistidas como a Emergência, Terapia Intensiva, Oncologia, Mastologia, Centro de Tratamento de Queimados, dentre tantas outras, por falta de profissionais. Por isso, movemos no Rio de Janeiro, uma Ação Pública pedindo a renovação imediata dos Contratos Temporários”, disse.

A deputada Luiza Erundina de Sousa (PSOL/SP), destacou que com a atual crise do Brasil, o governo cortou gastos com serviços essenciais, como a Saúde. “Quem mais sofre é a população pobre, que depende dessas unidades”, disse pedindo ao Ministro atenção especialmente ao Hospital São Paulo.

Luiz Henrique Mandetta (DEM/MS), alertou que “São Paulo e Rio de Janeiro estão aqui com suas bancadas alertando que ambos estão caóticos e partindo para o colapso. É preciso urgentemente que o governo faça uma gestão clínica e reconheça  crie meios de trabalhos dignos aos profissionais”.  Para ele, é essencial condições dignas de trabalho.

O mundo paralelo

Para o presidente da FENAM, o ministro Ricardo Barros, vive um mundo fora da realidade enfrentada pelos médicos e pela população. “O que nós percebemos é que há uma visão oposta à crise desses hospitais federais. O ministro vive em um mundo da irrealidade, entre os números que são apresentados, que são absurdamente desligados da realidade. Nós vivemos no mundo da realidade, das dificuldades do funcionamento dessa rede, da carência de recursos humanos, dos serviços que estão ameaçados”, falou.

Darze destacou ainda que a audiência pública cumpriu o papel de fazer a denúncia, mas sem soluções. “Não saímos daqui com a solução dos problemas. Porque é importante que os médicos da rede federal do Rio de Janeiro, junto com os servidores, possam continuar essa luta em defesa dessa importante rede, que não é do Rio de Janeiro somente, ela é uma rede de referência nacional que atende a população do Brasil inteiro, sendo uma grande escola de formação dos médicos brasileiros”, conclui. 

 Veja a íntegra do discurso de Dr. Darze


 
 Acesse aqui as fotos do evento


 

Fonte: FENAM

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