Classe médica empareda Ministro

11 de agosto de 2017
A classe médica ainda espera um pedido de desculpa do ministro da Saúde, Ricardo Barros, após ele declarar em evento com gestores municipais que “o médico precisa parar de fingir que trabalha”.


A retratação foi exigida por representantes da categoria que estiveram reunidos com o ministro na sexta-feira (4). Mas no lugar de uma satisfação, o presidente da Federação Nacional dos Médicos (Fenam), Jorge Darze, afirma que Barros “fugiu do debate”.


“Vamos parar de fingir que a gente paga médicos, e o médico parar de fingir que trabalha. Isso não está ajudando a saúde do Brasil”, disse o ministro durante o evento.


SISTEMA DE BIOMETRIA


A declaração polêmica aconteceu em julho, quando foi anunciado que a pasta passaria a adotar a biometria no controle da jornada de trabalho dos médicos da rede pública, como política para aumentar a produtividade e com metas de atendimento.


Barros discursou sobre os novos critérios que têm como objetivo aperfeiçoar o atendimento, evitando que o profissional, por exemplo, apresse a consulta com o objetivo de sair mais cedo do trabalho. Segundo o ministro, nos locais onde o sistema de biometria já está ativo, metade dos médicos pede demissão.


“Eles têm vários trabalhos e acabam abandonando o serviço quando há maior controle da jornada”, disse.


Barros acrescentou ainda que a média de comparecimento dos profissionais identificada até aquele mês era de 30% e que esta contabilidade deve mudar com a biometria.


SAÍDA ESTRATÉGICA


Darze conta que o ministro não admitiu ter cometido qualquer erro e ainda imputou aos médicos uma interpretação equivocada do seu discurso, além de ter abandonado a audiência com a classe para participar de uma entrevista solicitada por uma emissora de TV, não retornando ao compromisso.


“Ele [ministro Ricardo Barros] fugiu do debate, do diálogo que tentamos abrir com ele para esclarecer esta declaração grosseira contra os médicos”, considera Darze.


Na opinião do presidente da Fenam, o discurso de Barros “fere o principio da Administração Pública, porque ignora as regras de civilidade e da urbanidade”. Darze classifica a atitude do ministro como “um péssimo exemplo de promoção da cizânia entre a população e os médicos”.


“Uma parte da população atribuiu ao médico uma parcela de responsabilidade pela precariedade nas unidades [de atendimento médico]. Isso [declaração do ministro] instiga a violência entre a classe [médica] e o paciente. Foi uma irresponsabilidade da parte dele”, afirma. Darze também lamentou os aplausos da plateia que sucedeu o discurso de Barros.

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