Estudos usam terapia genética e alteração no metabolismo para tratar Alzheimer

7 de dezembro de 2017

Sem cura, a doença de Alzheimer ainda intriga a ciência, apesar de ser a condição neurodegenerativa mais comum. Com isso, cientistas buscam alternativas de tratamentos que possam dar maior qualidade de vida aos pacientes e duas delas foram publicadas em duas revistas científicas de peso essa semana: na “Nature” e na “Science Advances”.

Em uma das primeiras estratégias, publicada na “Nature”, cientistas alteraram o metabolismo de células para impedir a formação de uma camada de proteína, chamada de beta-amiloide.

Estudos anteriores demonstram que essa proteína está aumentada em pacientes com a doença: localizada ao redor de células nervosas, ela impede que neurônios transmitam informações — o que é um gatilho para sintomas característicos da doença, como falhas na memória.

Para impedir a produção da proteína, cientistas usaram cobaias para fazer modificações nas mitocôndrias, estrutura central para a produção de energia para o corpo. Eles descobriram que, ao fortalecer a defesa das mitocôndrias por meio da ativação de uma proteína chamada UPRmt, elas se tornaram capazes de diminuir a formação das placas.

A ciência já conhecia que mitocôndrias são disfuncionais em pacientes com Alzheimer, mas não se sabia exatamente qual caminho poderia ser trilhado para que elas fossem utilizadas no tratamento da doença.

Pesquisadores utilizaram duas substâncias (um antibiótico especial e um tipo de vitamina — “a NR”) capazes de “ligar” a proteína em cobaias com a doença. Eles observaram que, naquelas tratadas, a espessura da placa foi significativamente reduzida em comparação às cobaias que não receberam a droga.
O próximo passo agora é o desenvolvimento de estudos clínicos capazes de demonstrar a eficácia das drogas em seres humanos, bem como a segurança da terapia a longo prazo.

Tratamento com terapia genética

Outra estratégia para o tratamento da doença é o uso da terapia genética — quando cientistas tentam curar ou diminuir sintomas da condição por meio da alteração de genes. A ideia do estudo publicado na “Science Advances” é que seja feito um transplante de células modificadas nesses pacientes.

As modificações seriam feitas em células do sistema imunológico; que, a grosso modo, se tornariam mais “fortes” para enfrentar a doença.

A principal contribuição da pesquisa, no entanto, é a técnica utilizada para isso; normalmente, células seriam transplantadas para o paciente por meio da corrente sanguínea. O problema com isso é que muitas delas não conseguem chegar até o cérebro.

Cientistas sugeriram, então, que se utilize ventrículos cerebrais para o transplante. Essas estruturas permitem a conexão entre várias regiões do cérebro.

G1

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