Violência e discriminação causam auge do vírus da AIDS na América Latina
A proliferação dos contágios contrasta com a capacidade regional de oferecer tratamento aos portadores do vírus.
A América Latina vive um aumento no contágio do vírus causador da aids entre mulheres e homossexuais, um fenômeno causado pela violência e a discriminação contra estes segmentos, alerta a ONU.
“O crescimento no número de contágios ocorre em mulheres jovens e homens homossexuais, que vivem a mesma situação de discriminação. As pessoas que são discriminadas se escondem da sociedade e não participam de programas de prevenção”, disse o médico brasileiro Luiz Loures, diretor adjunto da Unaids.
A América Latina vive uma situação de estagnação no número de contágios do vírus da imunodeficiência humana (HIV), que causa a aids, um fenômeno preocupante quando se compara com outras regiões, como a África, onde está em declínio.
Loures, também subsecretário geral da ONU, participou nesta semana em San José em um fórum organizado pela ICW Latina, que reúne mulheres que vivem com HIV.
Na visita, destacou a violência como um dos maiores problemas que as mulheres jovens enfrentam na América Latina.
“Nossas estatísticas mostram claramente que onde há violência há HIV. Meninas que sofrem violência podem ter um risco de contrair HIV de 30% a 50% maior que as que não sofrem violência”, advertiu Loures.
“Mais de 30% das mulheres jovens da América Latina relatam que sofreram violência física ou sexual, um nível muito alto, é preocupante”, acrescentou.
Epidemia da violência
Um relatório da ONU Mulheres apontou que a região latino-americana é a que apresenta os maiores índices de violência contra as mulheres no mundo, especialmente a América Central e o México.
O outro problema que afeta as mulheres é a falta de garantias em termos de saúde reprodutiva, com alguns países em que 42% das mulheres com HIV sofreram discriminação em centros de saúde, segundo Loures.
“Este é um problema permanente que deixa uma mancha na região, e não há como frear os novos contágios sem atacá-lo e sem reduzir a violência e a discriminação”, alertou.
Dados da Unaids indicam que em 2016, 540.000 mulheres viviam com HIV na América Latina, 73.000 delas de entre 15 e 24 anos de idade. No total, 1,8 milhão de pessoas eram portadoras do vírus na região.
Neste ano, houve um número estimado de 27.000 novas infecções por HIV em mulheres, o que representa 28% do total de novos casos de HIV na região, segundo a organização.
A proliferação dos contágios contrasta com a capacidade regional de oferecer tratamento aos portadores do vírus.
Loures recordou que a América Latina foi a primeira região do mundo onde surgiu um movimento da sociedade civil que exigiu o tratamento, o que levou a uma ação dos governos para garantir a cobertura.
Afirmou, ainda, que os países latino-americanos terão dificuldades para atingir a meta da ONU de erradicar os contágios de HIV até o ano 2030.
“Estamos cumprindo os números de pessoas em tratamento, mas não os de novas infecções, precisamos fazer muito mais”, admitiu.
“Temos que tentar fazer um trabalho mais forte para acabar com a violência contra a mulher, que para mim é uma epidemia mais importante que a epidemia do HIV”, afirmou.
Fonte: Correio Braziliense
Related Posts
Conselho Deliberativo aborda temas estratégicos para a saúde pública no Brasil
Fenam vai ao Congresso lutar pela aprovação do Piso Salarial dos Médicos
Notícias Recentes
Piso salarial dos médicos é aprovado na Comissão de Saúde da Câmara
Conselho Deliberativo aborda temas estratégicos para a saúde pública no Brasil
Fenam vai ao Congresso lutar pela aprovação do Piso Salarial dos Médicos
Violência contra médicos: até quando?
Comentários Recentes
- FENAM e ADAPS avançam na negociação de acordo trabalhista - Fenam - Federação Nacional dos Médicos em Agenda dos Médicos para a Saúde do Brasil
- Quanto ganha um médico recém-formado? em Piso FENAM 2022
- Ademir Brun em Piso FENAM 2022
- Onofre Cardoso Vieira em Quem é o Dr. Gutemberg
- Marco Antonio Manjhon Soliz em Piso FENAM 2022
Arquivos
- novembro 2024
- outubro 2024
- setembro 2024
- agosto 2024
- julho 2024
- junho 2024
- maio 2024
- abril 2024
- março 2024
- fevereiro 2024
- janeiro 2024
- dezembro 2023
- novembro 2023
- outubro 2023
- setembro 2023
- agosto 2023
- julho 2023
- junho 2023
- maio 2023
- abril 2023
- março 2023
- fevereiro 2023
- janeiro 2023
- dezembro 2022
- novembro 2022
- outubro 2022
- março 2022
- janeiro 2022
- dezembro 2021
- novembro 2021
- outubro 2021
- setembro 2021
- agosto 2021
- julho 2021
- junho 2021
- maio 2021
- abril 2021
- março 2021
- fevereiro 2021
- janeiro 2021
- outubro 2020
- setembro 2020
- agosto 2020
- julho 2020
- maio 2020
- abril 2020
- março 2020
- fevereiro 2020
- janeiro 2020
- dezembro 2019
- novembro 2019
- outubro 2019
- setembro 2019
- agosto 2019
- julho 2019
- junho 2019
- maio 2019
- abril 2019
- março 2019
- fevereiro 2019
- janeiro 2019
- dezembro 2018
- novembro 2018
- outubro 2018
- setembro 2018
- agosto 2018
- julho 2018
- junho 2018
- maio 2018
- abril 2018
- março 2018
- fevereiro 2018
- janeiro 2018
- dezembro 2017
- novembro 2017
- outubro 2017
- setembro 2017
- agosto 2017
- julho 2017
- junho 2017
- abril 2017
- outubro 2012
- maio 2012
- fevereiro 2012
- julho 2011
- outubro 2010
- junho 2010