Dores na coluna podem ter causas emocionais, alertam médicos

28 de novembro de 2017

Quando o assunto é dor na coluna, é comum o problema ser associado à má postura, à idade, aos fatores genéticos, além de doenças ou fraturas. No entanto, de acordo com especialistas, a ansiedade, o estresse e até a depressão podem gerar dores crônicas na principal estrutura de sustentação do corpo. São as chamadas doenças psicossomáticas, ou seja, transtornos na mente que manifestam sintomas físicos.

De acordo com uma pesquisa da International Stress Management Association no Brasil (Isma-BR), nove em cada dez brasileiros no mercado de trabalho sofrem de ansiedade – seja ela do grau mais leve ao incapacitante. E quase metade (47%) tem algum nível de depressão. Além disso, o estresse é o terceiro motivo que mais provoca afastamentos do trabalho por mais de 15 dias, de acordo com dados da Previdência Social.

Segundo o neurocirurgião Ronaldo Tonaco, do Hospital Santa Marta, pessoas que não têm períodos de relaxamento, isto é, que não se “desestressam”, mantêm os músculos do corpo, e principalmente do tronco, em contração contínua, mesmo sem movimento do corpo. “Isso gera um consumo exacerbado de oxigênio, levando o músculo a um metabolismo quase anaeróbico (com pouco oxigênio) e acumulando ácido lático”, explica. O composto é o principal causador das dores musculares.

De acordo com o médico, a dor na coluna está entre as três principais queixas nos atendimentos feitos nos consultórios médicos e acomete quase 80% das pessoas na vida adulta. Ele lembra que, atualmente, a dor na coluna é a principal causa de afastamentos do trabalho. “Essa prevalência vem aumentando ainda mais nos dias de hoje em decorrência da obesidade, do sedentarismo, do aumento da vida média da população e de hábitos como o tabagismo”, diz.


Instituto da Coluna

Para tratar os pacientes que enfrentam dores crônicas (aquelas frequentes e persistentes), o Hospital Santa Marta criou o Instituto da Coluna, serviço que reúne diferentes especialidades, como ortopedia, neurocirurgia, fisioterapia, psiquiatria e medicina da dor, entre outras.

O espaço oferece tratamentos para pessoas que sofrem com problemas na coluna vertebral causados por questões emocionais, mecânicas, genéticas ou doenças graves, como é o caso do motorista de caminhão Edivan Ferreira Ganda, de 57 anos.

Há dois anos, em um acidente de trabalho, ele sofreu uma grave fratura na terceira vértebra da lombar. Mesmo com meses de tratamento, as dores nas costas insistiam em permanecer. Foi quando Ferreira descobriu que, na verdade, tinha um tumor nos ossos. O problema fez com que ele chegasse a utilizar, durante oito meses, uma cadeira de rodas para se locomover.
Segundo o ortopedista Tadeu Gervazoni, casos como o de Edivan, que requerem intervenções invasivas, representam 5% dos tratamentos prescritos nos consultórios do Instituto da Coluna. Segundo ele, a queixa mais frequente é a lombalgia (dor na lombar), seguida de dor na coluna cervical.

“A dor crônica, muita vezes, é subdiagnosticada e subtratada. Normalmente, quem está nessa situação vem com sentimento de desesperança, uma vez que já passou por vários médicos e tratamentos, sem sucesso. O que fazemos é identificar a causa real das dores e saber o grau de intensidade do incômodo. Depois, iniciamos o tratamento adequado, associado ao trabalho de uma equipe multi e interdisciplinar”.
O médico também chama atenção para as consequências do não tratamento dos problemas associados à coluna. “É preciso entender que ela é a principal estrutura de sustentação do corpo humano. Além de a dor se perpetuar, a piora pode ser progressiva e levar a uma queda significativa na qualidade de vida do paciente”, reforça.

Além da dor persistente, há alguns sinais de alerta para buscar ajuda de um especialista em coluna:

  • Sensação de fadiga ou fraqueza nos membros;
  • Formigamento ou dormência nos braços e/ou pernas;
  • Alterações nos hábitos intestinais e/ou urinários;
  • Limitação progressiva nas atividades diárias;
  • Dificuldade para andar;
  • Dor irradiada para os membros com piora progressiva.

Fonte: Metrópoles

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