O sal que a gente não vê e os perigos do exagero na alimentação

24 de novembro de 2017

A obesidade e o sobrepeso têm aumentando por toda a América Latina e Caribe, como aponta um relatório produzido apresentado neste ano pela Organização Pan-Americana da Saúde em conjunto com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura. Mais de 360 milhões de pessoas estão com sobrepeso, o que corresponde a aproximadamente 58% da população latino-americana e caribenha.
As mulheres são as mais afetadas, sendo que em mais de 20 países a taxa de obesidade feminina é 10% maior que a dos homens. Além disso, o relatório aponta uma tendência de aumento de sobrepeso e obesidade também nas crianças.
 

No Brasil, dados do Ministério da Saúde revelam que mais de 17% dos adolescentes de 12 a 17 anos estão com sobrepeso. E esse problema se deve em grande parte à má alimentação desses jovens, uma vez que essa mesma pesquisa aponta que entre os 20 alimentos de maior consumo pelos adolescentes brasileiros, os refrigerantes estão entre os seis primeiros, passando à frente das hortaliças e frutas.

O Ministério da Saúde tem um estudo que apresenta o consumo médio do brasileiro em relação ao sódio, que gira em torno de 12 gramas por dia. Esse valor é considerado muito alto pela Organização Mundial da Saúde, que recomenda apenas 5 gramas diárias.

Esse consumo em excesso está ligado diretamente ao aumento de doenças como hipertensão, diabetes e obesidade que, juntas com as doenças cardiovasculares, respiratórias e câncer respondem por 72% das mortes no país.

Para tentar controlar essas doenças e impedir o avanço da obesidade no Brasil, o Ministério da Saúde tem trabalhado em ações e iniciativas que ajudem a melhorar a forma como os brasileiros se alimentam. De acordo com o ministro da Saúde, Ricardo Barros, “cada vez mais a alimentação saudável fará parte dos objetivos prioritários do Ministério da Saúde. Estamos fazendo parcerias com a indústria alimentícia para reduzir o sal, o açúcar e sódio dos alimentos, porque as pessoas sabem que precisam cuidar da saúde e nosso papel é ajudar elas nesse cuidado” afirmou.

“As pessoas precisam consumir mais alimentos naturais, aqueles que chamamos ‘in natura’, ou seja, aqueles que vêm diretamente da natureza sem receber processos e tratamentos químicos. Isso significa comer mais arroz, feijão, frutas, verduras, legumes, leite e carnes. Também é importante evitar alimentos que vem embalado em sacos e caixas com muitos conservantes”, explica a coordenadora de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde, Michele Lessa.

No início deste ano, a Organização Pan-Americana da Saúde realizou uma reunião com diversas entidades internacionais no âmbito da alimentação, com objetivo de debater o problema da mudança nos padrões alimentares – um dos principais motivos que têm gerado aumento da obesidade e do sobrepeso.

Com base em estudos internacionais, foi observado que recente crescimento econômico e a ampliação da urbanização, aumentou também o consumo de produtos ultraprocessados. Isso fez o consumo de pratos tradicionais e alimentos orgânicos diminuírem. Para mudar essa situação, é preciso mudar a maneira de se alimentar.

Rita Lobo é chef de cozinha e apresentadora de um programa sobre alimentação saudável. Segundo ela, o segredo é “cortar da lista de compras os ultraprocessados, que são aqueles produtos cheios de aditivos químicos”. A chef explica que o jeito de saber o que você está comendo é justamente lendo os ingredientes do rótulo dos produtos que você compra. “Quando você começa a ler os ingredientes do rótulo e você vê que tem nomes estranhos que você não teria na cozinha da sua casa, isso é ultraprocessado, tira do carrinho”, afirmou Rita Lobo.

No site do Ministério da Saúde é possível baixar o Guia Alimentar Para a População Brasileira, um documento que contém dicas e explicações de como se alimentar melhor, de maneira simples e econômica. Com ele é possível aprender três dicas fáceis de seguir e que ajudam a melhorar a saúde:

1ª – Use pouca quantidade de óleos, gorduras, açúcar e sal no preparo dos alimentos. De preferência, procure substituir por temperos naturais (como cheiro verde, alho, cebola, manjericão, orégano, coentro, alecrim, entre outros) e optando por receitas que não levem açúcar na sua preparação.

2ª – Evite bebidas açucaradas (refrigerantes, sucos e chás industrializados), bolos e biscoitos recheados, doces e outras guloseimas como regra da alimentação. Embora convenientes e de sabor pronunciado, esses e outros produtos ultraprocessados tendem a ser nutricionalmente desequilibrados e, em sua maioria, contêm quantidades elevadas de açúcar, gordura e sal.

3ª – Fique atento às informações nutricionais dos rótulos dos produtos processados e ultraprocessados para favorecer a escolha de produtos alimentícios mais saudáveis. Os rótulos dos produtos são uma forma de comunicação entre esses produtos e os consumidores e contêm informações importantes sobre a sua composição. Fique atento para informações, orientações e mensagens sobre alimentação veiculadas em propagandas comerciais, pois geralmente as propagandas buscam aumentar a venda dos produtos, mas não informar.

Fonte: Janary Damacena para o Blog da Saúde.

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