Diagnóstico precoce evita mortalidade infantil por anemia falciforme
A anemia falciforme é uma das doenças hereditárias mais comuns no Brasil, em especial entre a população afrodescendente. Entre 25 mil a 50 mil pessoas possuem a doença no País. Uma modificação genética faz com que as hemácias (glóbulos vermelhos) tenham um formato semelhante a uma foice, o que dificulta a oxigenação do corpo e pode obstruir os vasos.
Para divulgar e conscientizar a população sobre a doença, é celebrado no dia 27 de outubro, o Dia Nacional da Luta pelos Direitos das Pessoas com Doenças Falciformes. Atualmente, o diagnóstico pode ser feito já no nascimento, com o Teste do Pezinho (Programa Nacional de Triagem Neonatal). Com base na testagem, em 2016, foram diagnosticados 1.071 casos novos da doença.
Os sintomas podem começar ainda na infância. Os mais comuns são anemia, dores fortes, infecções frequentes, acúmulo de sangue no baço e icterícia (pele e parte branca dos olhos amareladas), além de risco aumentado de acidente vascular cerebral (AVC). Nas crianças, a primeira manifestação de dor pode vir com inchaço nos tornozelos, nos punhos, nos dedos ou nas articulações (dactilite), e elas têm risco de infecção 400 vezes maior. Devido à anemia, os adultos podem se sentir cansados e indispostos. Além das dores difusas, podem ter comprometimentos crônicos nos rins, coração, fígado, pulmões, retinas e úlceras nas pernas.
Tratamento
“A anemia falciforme é uma doença sistêmica que compromete todo o organismo. Mas hoje tem como melhorar muito a qualidade de vida do paciente com o tratamento”, explica a especialista Sandra Loggetto, coordenadora do Comitê de Hematologia e Hemoterapia Pediátrica da Associação Brasileira de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH).
Ela ressalta a importância do diagnóstico precoce, que evita a mortalidade infantil: além de vacinas a mais, as crianças com a doença fazem tratamento preventivo contra infecções com o uso prolongado de antibióticos.
No SUS, há cerca de 30 mil pessoas cadastradas nos serviços de atenção especializada. “Existe também a hidroxiureia, medicação fornecida pelo Ministério da Saúde, que tem um protocolo específico e controla muito as dores. É importante que os médicos fiquem atentos, para que não se perca o tempo de entrar com a medicação e melhorar a qualidade de vida”, esclarece a médica, lembrando que a anemia falciforme é uma doença que ainda está sendo estudada, já que antigamente a mortalidade infantil era alta.
“Tudo que se tem evoluído hoje em relação ao tratamento faz com que os pacientes atinjam a idade adulta, mas é um paciente que merece muito cuidado no atendimento. E temos de investir no tratamento das crianças, para que elas possam crescer e não tenham a complicação dos adultos que não tiveram acesso à hidroxiureia”, completa Sandra Loggetto.
Fonte: Governo do Brasil, com informações do Ministério da Saúde, da ABHH e da Universidade Federal de Santa Catarina
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