O que é a doença de Alzheimer, dos sintomas ao tratamento

9 de outubro de 2017
A doença de Alzheimer – com a qual a atriz e produta Ruth Escobar lutou por anos antes de morrer – é marcada principalmente pela perda gradativa da memória. Ela é causada pela degeneração de células de áreas cerebrais como o hipocampo, fundamental para o aprendizado e o armazenamento de lembranças, e o córtex, que controla a linguagem e as habilidades motoras.
 

Embora esse mal seja objeto de pesquisas no mundo inteiro, ainda não estão desvendados os mecanismos de seu desenvolvimento. Já se sabe, entretanto, que a ação de duas proteínas no cérebro fornece pistas para decifrar as causas do distúrbio.
 

Uma delas é a beta-amiloide, cujo acúmulo na massa cinzenta gera placas capazes de destruir as conexões entre os neurônios. A proteína TAU, por sua vez, seria responsável por uma espécie de enrijecimento do neurônio, causando a morte da célula nervosa.
 

A doença de Alzheimer é um dos quadros de demência mais comuns com o avançar da idade. Sua evolução costuma ser lenta, porém contínua. A fase inicial é marcada por pequenos esquecimentos e uma certa desorientação espacial. No estágio seguinte, aparecem sinais de mudança de personalidade, a pessoa já não reconhece alguns familiares e amigos e deixa de realizar atividades cotidianas, como escovar os dentes.
 

Por fim, tem início a debilitação física do paciente. Ele pode passar a depender de outras pessoas, não falar e não se alimentar sozinho.
 

Sinais e sintomas

– Esquecimentos

– Perda da memória recente

– Confusão mental

– Agitação

– Insônia

– Dificuldade em se localizar espacialmente

– Alterações de personalidade

– Resistência a realizar atividades do dia a dia

– Agressividade

– Dificuldade de comunicação

– Recusa de alimentos ou dor ao engolir

– Apatia

 

Fatores de risco

– Idade: a doença é mais prevalente em pessoas acima dos 60 anos

– Predisposição genética

– Obesidade

– Colesterol alto

– Hipertensão

– Tabagismo

– Diabetes

– Depressão
 

A prevenção

Diante da falta de respostas sobre as causas da doença de Alzheimer e, portanto, sobre as formas de contê-la, ao menos uma regra é consenso entre os especialistas. E ela é: todos devemos adotar um estilo de vida saudável para preservar os neurônios.
 

Estudos recentes com idosos comprovam os benefícios dos exercícios físicos no funcionamento cerebral, com ganhos de memória, atenção e concentração. As práticas melhoram o aporte de sangue na massa cinzenta, estimulando o crescimento de novas células nervosas e vasos sanguíneos.
 

Os chamados treinos cognitivos são outra aposta para frear a doença. Ler, jogar xadrez e videogame, fazer palavras cruzadas, aprender uma outra língua são atividades que estimulam os neurônios e dão ao cérebro maior capacidade de contornar ou atrasar o aparecimento de falhas.
 

No campo da alimentação, a recomendação é investir numa dieta rica em peixes, azeite de oliva, vegetais e castanhas, além de frutas vermelhas. A combinação reduz o risco de perdas cognitivas combatendo os radicais livres, responsáveis pelo envelhecimento das células.
 

A dobradinha atividade física e alimentação equilibrada, aliás, ajuda a controlar o peso e evita danos às artérias que, com o passar dos anos, atrapalham as atividades neuronais. Manter-se em forma, além de tudo, é crucial para controlar o colesterol, a pressão e o diabetes, outros fatores relacionados ao apagão das memórias. 
 

O diagnóstico

O caminho para a confirmação da doença de Alzheimer se inicia com exame clínico e a análise dos relatos de familiares sobre o comportamento do paciente. Testes de memória, linguagem e outras funções mentais se somam ao diagnóstico.
 

O neurologista ou geriatra deve solicitar testes laboratoriais para descartar outras eventuais causas dos sintomas. O hipotireoidismo, por exemplo, ocasiona sonolência e confusão mental que podem ser confundidas com o Alzheimer.
 

Exames de tomografia ou ressonância magnética são outros recursos usados para verificar se hemorragias ou tumores não são os verdadeiros responsáveis pelas falhas cerebrais.
 

O tratamento

Não existe cura para o Alzheimer. Uma vez confirmada a doença, os especialistas apelam para o uso de medicamentos que apenas retardam, por um certo tempo, o declínio cognitivo.
 

Na fase inicial do distúrbio, costumam ser receitados inibidores de acetilcolinesterase. Oi? Em formato de adesivo ou comprimido, eles impedem a degradação da acetilcolina, um neurotransmissor com função primordial na memória. O remédio atenua os sintomas, embora com efeito temporário.
 

Nos casos moderados a graves, outros fármacos entram em cena. É o caso da memantina, droga que combate o glutamato, outra substância da química cerebral que, em excesso, intoxica aos neurônios.
 

A condução terapêutica da doença de Alzheimer envolve ainda a participação de diferentes profissionais de saúde, como fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, fonoaudiólogos e psicólogos, para traçar um plano de atividades capazes de retardar a evolução das perdas cognitivas.
 

Atenção ao cuidador
 

A rotina de uma pessoa com uma doença degenerativa e incurável demanda a presença constante de um cuidador. Em geral esse papel acaba sendo exercido por um familiar, que precisa ser orientado sobre a evolução da enfermidade e o gerenciamento de medicações, alimentação, higiene e segurança do paciente – além de ser auxiliado na montagem de um plano de atividades para estimular o raciocínio, fala e habilidades motoras do paciente.
 

Fonte: Goretti Tenorio e Chloé Pinheiro, Revista Saúde 

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