Saiba mais sobre a doença que levou Selena Gomez a um transplante renal

20 de setembro de 2017

Brasília – Na última quinta-feira, 14, a atriz e cantora Selena Gomez revelou que precisou passar por um transplante de rim, tendo como doadora a atriz Francia Raisa, conhecida pela série “The Secret Life of the American Teenager”. Mas o que levou Selena Gomez a esse quadro? A resposta é o lúpus eritematoso sistêmico, “uma doença autoimune em que o sistema imunológico se volta contra o organismo e começa a agredi-lo”, como explica o reumatologista Cleandro Pires, do Hospital Universitário de Brasília (HUB), administrado pela Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).

É significativa a frequência com que pacientes com lúpus têm acometimento renal. Em geral, esse fator corresponde a uma glomerulonefrite, um tipo de inflamação nos rins que pode apresentar-se das formas mais variadas, indo desde alterações urinárias mínimas até insuficiência renal. Portanto, transplantes de rins, como o de Selena Gomez, são uma realidade para muitos portares de lúpus. Esse foi o caso de Hidemario Ciriaco, morador do estado do Rio Grande do Norte. Depois de ter de se submeter e sessões de hemodiálise por oito anos, Ciriaco foi transplantando no Hospital Universitário Onofre Lopes da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (Huol-UFRN), unidade filiado à Ebserh. Todo o tratamento foi feito gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

O lúpus afeta, em sua maioria, mulheres jovens entre a segunda e quarta década de vida, como explica Lídia Balarini, reumatologista do Hospital Universitário Cassiano Antonio Moraes da Universidade Federal do Espírito Santo (Hucam-Ufes), em Vitória. “Há casos variados, alguns podendo ser mais difíceis e outros mais fáceis de se controlar. Mas é perfeitamente possível ter vida social com lúpus”, conta a reumatologista.

Tratamento

O médico do HUB, Cleandro Pires, explica que existem doenças autoimunes em praticamente todas as áreas da medicina. Além do lúpus, as mais comuns são a psoríase e a artrite reumatoide. O reumatologista esclarece que, apesar de terem características comuns, os tratamentos variam a depender do órgão ou tecido afetado pela enfermidade. Entretanto, de maneira geral, a semelhança terapêutica é a necessidade de algum grau de imunossupressão, isto é, quando o sistema imunológico é “enfraquecido” para que se diminua os danos ao organismo.

Com as complicações decorrentes das doenças autoimunes, é comum encontrar pacientes ansiosos, tristes ou mesmo deprimidos. Segundo Gladys Martins, coordenadora do ambulatório de Psoríase do HUB, muitos pacientes precisam de acompanhamento psicológico. “Estresse emocional pode desencadear uma crise, piorar ou atrasar o tratamento”, conta a dermatologista. O componente emocional, portanto, deve ser tratado, assim como os sintomas físicos.

Pesquisa

Para entender melhor o lúpus e buscar a melhoria da qualidade vida em pacientes lúpicos, pesquisas têm sido realizadas em todo o mundo. Em São Luís (MA), os médicos Gyl Eanes Barros Silva e Natalino Salgado Filho, do Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão (HU-UFMA), unidade da Rede Ebserh, desenvolveram e publicaram um estudo internacional: “A case-based atlas: lupus renal involvement”, em parceria com os pesquisadores da cidade de Ribeirão Preto, Roberto Costa, Márcio Dantas e Stanley Araújo.  

A obra configura-se como um atlas de histopatologia, ou seja, um estudo de como o lúpus afeta um conjunto de células, baseado em casos biopsiados que se destina a preencher as lacunas das classificações atuais, fundamental para alunos de medicina e profissionais de diversas áreas da saúde.

Estão presentes nesta publicação, recomendações de redação de biópsia renal no lúpus, definições padrões que devem ser aplicadas à interpretação da biópsia renal, correlação dos achados patológicos com a história clínica e prognóstico. Cada um dos casos apresenta imagens histopatológicas, resumo da história clínica, correlação diagnóstica e discussão. Os pesquisadores destacam ser essa uma publicação diferenciada que muito contribuirá para os estudos e para o melhor entendimento dessa área que aborda o espectro das doenças renais associadas ao lúpus.



Fonte: Ebserh

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