Obesidade entre jovens brasileiros quase dobra na última década

1 de setembro de 2017
A obesidade não é apenas uma questão individual. Está relacionada a toda uma cultura social de alimentação e hábitos de vida. Já são quase 2 bilhões de pessoas acima do peso em todo o mundo. Perto de 60% da América Latina está nessa condição.


 

No Brasil, um recorte da Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel 2016), do Ministério da Saúde, aponta que na última década (2006-2016) a prevalência da obesidade entre os jovens de 18 a 24 anos de idade quase dobrou, passando de 4,4% para 8,5%.


 

O disparar da obesidade entre esses jovens não chega a ser uma surpresa se considerarmos o quadro de que 60,8% das crianças com menos de dois anos comem biscoito ou bolacha, um alimento ultraprocessado rico em gordura e açúcar – segundo dados do Erica. Ou seja, uma cultura social que tem privilegiado alimentos hipercalóricos desde a infância tem reflexo direto na vida desses jovens adultos.


Esse é o caso de Matheus Henrique, de 20 anos. Desde pequeno, ele sempre ingeriu grandes quantidades de alimentos ultraprocessados como refrigerantes, biscoitos e congelados. Aliado ao sedentarismo, o excesso de peso se instalou logo na adolescência. “Hoje, eu tenho consciência sobre o que escolho para comer. Tenho consumido mais alimentos naturais como frutas e verduras. É importante cuidar da saúde e me sinto bem melhor, com mais disposição depois que mudei minhas escolhas”, afirma.


Além dos jovens, a obesidade vem aumentando em todas as faixas etárias. Isso despertou a preocupação do Ministério da Saúde. “O governo federal se comprometeu com a OMS (Organização Mundial da Saúde) a tentar deter a obesidade no país. E um dos principais documentos disponíveis e que apoia a população, em especial os jovens de 18 a 24 anos, a fazer escolhas mais saudáveis é o Guia Alimentar para a População Brasileira”, destaca a analista técnica de políticas sociais do Ministério da Saúde, Gisele Bortolini.


O Guia Alimentar para a População Brasileira é uma fonte confiável de informações para auxiliar as pessoas para escolhas mais saudáveis. Quatro recomendações e uma regra de ouro para alimentação saudável:


R1: Fazer de alimentos in natura e minimamente processados a base da alimentação

Alimentos que não sofreram nenhum processo industrial. Exemplo: frutas e verduras, castanhas, leite, ovos, e carnes.



R2: Utilizar óleos, gorduras, sal e açúcar em pequenas quantidades

É importante que, apesar de uma vida muito agitada, corrida, tenha-se tempo para preparar alimentos saudáveis. Quando temos tempo para preparar um alimento, temos maior facilidade de acessar alimentos mais saudáveis. E ao cozinhar, podemos utilizar óleos, gorduras, sal e açúcar em quantidades menores.



R3: Limite o uso de alimentos processados consumindo-os em pequenas quantidades

Alimentos processadas são aqueles que foram adicionados de sal, gordura ou açúcar. Exemplo: legumes em conserva, frutas em compotas; pães; e queijos. Esses alimentos acabam tendo um aporte energético maior por terem mais gordura ou açúcar e precisam ter um consumo limitado ou combinado com alimentos in natura.



R4: Evite alimentos ultraprocessados

Os alimentos ultraprocessados já são reconhecidos como um dos causadores da obesidade no país. Portanto, devem ser evitados, por exemplo: biscoitos recheados, salgadinhos de pacote, refrigerante, e macarrão instantâneo.



R-Ouro: Prefira sempre alimentos in natura ou minimamente processados e preparações culinárias a alimentos ultraprocessados.


 

Por mais que a rotina de jovens de 18 a 24 anos seja agitada, conciliando estudo e trabalho, é importante dedicar tempo a alimentação. Ou seja, parar para almoçar, tentar comer em companhia de outras pessoas (porque é mais provável que se consiga comer a mesa, com escolhas melhores). E dar preferência aos locais que servem refeições feitas na hora, como os que servem comida a quilo. Esses restaurantes, normalmente, oferecem pratos que são feitos com alimentos in natura e minimamente processados, onde se encontre arroz, feijão, carne, batata, ovo, mandioca, etc.


Saúde Brasil


A obesidade é um problema de saúde pública. O excesso de peso (junto com o sedentarismo e má alimentação) pode levar a doenças crônicas como diabetes, hipertensão (e outras doenças cardiovasculares) e AVC.


Para ajudar a dar o primeiro passo rumo à vida saudável, o Ministério da Saúde criou a plataforma Saúde Brasil com auxílios a quem quer emagrecer com saúde, melhorar a alimentação, parar de fumar, e começar a praticar exercícios.


Não é o tipo de mudança que acontece da noite para o dia. E ai eu pergunto a você, caro leitor: vamos juntos construir um futuro mais saudável para nossas crianças e jovens?!

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