Vacina contra zika deverá ser testada em humanos em 2018

11 de agosto de 2017
Uma das iniciativas de vacina contra o vírus da zika, em testes no Instituto Evandro Chagas, sediado no Pará, já apresentou resultados promissores em camundongos e primatas, e deverá ser testada em humanos em 2018. A informação foi divulgada nesta sexta-feira (11) na XIX Jornada Nacional de Imunizações, evento organizado pela Sociedade Brasileira de Imunizações, em São Paulo.


O desenho do estudo em humanos será definido neste ano pelo instituto, que está desenvolvendo a vacina em parceria com a Universidade do Texas e com apoio da Organização Mundial de Saúde e do Ministério da Saúde no Brasil.


“As iniciativas com a vacina de zika estão andando mais rápido porque não foram identificados outros sorotipos do vírus, como é na dengue. Com isso, a complexidade é menor”, diz Consuelo Oliveira, pesquisadora clínica do Instituto Evandro Chagas.


Os resultados em camundongos já foram publicados em julho na revista científica “Cell Reports”. Já os resultados em primatas também foram promissores, mas ainda não foram publicados em revista científica e, por esse motivo, não estão sendo divulgados.


Consuelo diz, no entanto, que os resultados foram positivos em ambos os testes. No estudo em camundongos, 46 cobaias foram testadas. Metade recebeu o imunizante e o restante recebeu uma “vacina falsa”. Nessa primeira fase do estudo, camundongos que receberam o imunizante apresentaram anticorpos contra o vírus zika.


Já na segunda fase do estudo, após o acasalamento das fêmeas, pesquisadores observaram que o vírus da zika sequer chegou até a placenta — o que trouxe a expectativa de que a vacina pode proteger o grupo mais vulnerável ao vírus: as mulheres em idade fértil, exatamente o grupo definido pela OMS como prioritário para receber a vacina.


“O que foi interessante é que, nas cobaias não vacinadas, vimos que o vírus fez o mesmo percurso observado em humanos. A placenta com déficit de nutrição, os bebês nascendo pequenos, as malformações…”, explica Consuelo.


“Esse trabalho tem sido objeto de muita expectativa e nos deu base para analisar o estudo multicêntrico em humanos”, diz a pesquisadora. “Queremos reproduzir o que de maneira fantástica encontramos nessa primeira parte da pesquisa.”


Ao todo, há 41 iniciativas no mundo em busca da vacina, diz Consuelo. São várias as estratégias: há testes com vírus enfraquecido, com o vírus inativado (ou seja, morto) e com a vacina de DNA — quando apenas o material genético é introduzido no imunizante.




O Instituto Butantan também faz análises preliminares com uma vacina pentavalente — que deverá ser usada contra todos os sorotipos da dengue e também contra o vírus zika.


Mutação e dificuldades


Sendo um vírus de RNA, o zika é mais suscetível a mutações mas, segundo a pesquisadora, não são mutações robustas o suficientes — pelo menos até agora — para afetar a resposta da vacina. “Às vezes, é o deslocamento de uma proteína”, diz.


Também, desde 1947, quando o zika foi identificado numa floresta homônima, não foram registrados outros sorotipos do vírus, o que também poderia aumentar a complexidade de se obter a vacina.


Agora, uma questão a ser analisada em estudos em humanos será se a vacina anti-zika poderá gerar uma infecção “amplificada” em populações previamente expostas a outros flavivírus, como é o caso da brasileira.


“Essa é a uma questão que está preocupando alguns pesquisadores e será analisada”, diz Consuelo.


Fonte: Por Monique Oliveira, G1

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